Comprar um carro novo não está fácil. Hoje as opções mais baratas do mercado partem dos R$ 32.500. Poder não parecer muito, mas são versões de modelos populares desprovidas de conteúdo, como Fiat Mobi e Renault Kwid. Quem quiser pagar por um pouco de comodidade não gastará menos de R$ 45 mil.
E como o brasileiro fatura em média R$ 38.500 ao ano, segundo o relatório de Renda Per Capta do Banco Mundial. Ou seja, seriam necessários pelo menos 15 meses de trabalho para levar para casa um carrinho com o mínimo de dignidade. Diante desse cenário o automóvel usado surge como opção para a grande maioria dos consumidores.
E uma sugestão para quem está com pouca grana em caixa, crédito limitado e precisa de um carro de manutenção barata, boa liquidez e mecânica confiável, seu carro certamente é um Volkswagen Gol (G4).
O Gol G4
O G4 foi a última atualização da segunda geração do Gol (lançada em 1994) e ficou em linha entre 2005 e 2013. Nessa altura da vida, a VW viu que o Fox não iria sucedê-lo e resolveu simplificar a linha, basicamente com opções despojadas de conteúdos. Enquanto isso, Fox e Polo se posicionavam em degraus superiores, assim como o Golf.
Uma das grandes controvérsias da versão foi o empobrecimento generalizado. Por fora, a plástica optava por para-choques de fabricação mais simples, sem grades encaixadas com no G3. Os faróis de dupla parábola também deram lugar para refletores simples.
No interior o acabamento foi predominado pelo uso de plásticos duros. Mas a principal queixa sempre foi o quadro de instrumentos que seguia o padrão do Fox e que também foi incorporado na Kombi. A reclamação é sua leitura confusa.
No quarteto de hatchs o Gol era o único que ainda recorria aos motores longitudinais 1.0 8V, 1.6 8V e 1.8 8V, remanescentes da família AP. Os demais eram equipados com a unidade transversal da família EA111.
Versões
O Gol G4 foi oferecido basicamente em três versões City, Plus e Power, além das edições Copa e Rallye. Com a chegada da terceira geração (G5) em 2008, o G4 passou a ser oferecido apenas com motor 1.0 de 71 cv. Em 2010, a VW lançou a versão Ecomotion, que se posicionava na base da gama.
Sugestão
Uma sugestão para quem busca um Gol G4 é apostar na versão 1.6 Power. Trata-se da opção melhor equipada e que oferece melhor desempenho. Segundo a Fipe a versão tem avaliações que variam de R$ 17 mil a R$ 19.400, de acordo com o ano de fabricação. Vale lembrar que o G4 Power esteve em linha entre 2005 e 2008. No varejo os preços praticados giram em torno dos R$ 18 mil, mas há unidades que ofertadas por até R$ 22 mil.
Equipamentos
Não é surpresa para ninguém que o Gol G4 representava uma queda de prestígio do veterano. Ele foi uma versão que não oferecia um pacote muito farto de equipamentos. Mesmo assim poderia ser equipado com itens como:
- Direção hidráulica
- Ar-condiconado
- Rádio com CD
- Vidros elétricos nas quatro portas
- Limpador e desembaçador traseiro
- Faróis de neblina
- Rodas de liga leve aro 15
Ao volante
O Gol G4 é um carro espartano, sem frescuras. O motor AP 1.6 entrega 99 cv e 14,4 mkgf de torque. Para os padrões atuais pode parecer pouco. Mas o grande trunfo do AP é sua oferta de torque em baixa rotação, o que garante a ele muito fôlego nas arrancadas e também faz dele um carrinho eficiente, rodando com marcha longa e baixo giro.
Assim, trata-se de um carro esperto na cidade. Com 3,93 metros, ele cabe em qualquer greta do trânsito e não demanda de muito espaço para estacionar.
A suspensão do Gol sempre foi elogiada por sua robustez e boa estabilidade. Por outro lado, ele não é um exemplo de conforto. Outro agravante é o estofamento bastante simplório, que maltrata a coluna após longas jornadas ao volante. Experiência de quem viveu seis anos ao lado de um Golzinho.
Por dentro
Um dos pontos críticos do projeto do Gol, como a falta de alinhamento com pedais, volante e banco, pode gerar estranhesa, mas não condena o carro. O que incomoda mesmo é o calor do túnel central.
Como o AP é um motor de posição longitudinal, a transmissão avança para dentro da cabine e o calor irradia para o interior. Além disso, as pernas ficam roçando no túnel.
Com entre-eixos de 2,46 metros, ele oferece espaço interno semelhante aos demais hatchs compactos atuais. Quatro adultos viajam no limite da dignidade, mas colocar três ocupantes no banco traseiro é garantia de claustrofobia. O porta-malas por sua vez leva 285 litros, que corresponde a duas malas pequenas e algumas miudezas.
Consumo
Sua média de consumo fica em torno dos 10,2 km/l com gasolina e 8,0 km/l com álcool, na cidade. Na estrada, ele tem médias acima de 15,0 km/l com combustível fóssil.
Manutenção
O grande trunfo do Gol é sua mecânica simples e resistente. Por ser um carro que foi líder de vendas por quase 30 anos, há um grande fluxo de peças no mercado de reposição. Isso reduz o preço de itens de desgaste com pastilhas, lonas, discos, correias, filtros, velas, amortecedores, lâmpadas, dentre outras.
O AP é um motor simples, sem refinamentos de engenharia. Por isso, seu proprietário deve ficar atento apenas aos períodos de trocas do lubrificante, fluido refrigerante do radiador e as correias.
Palavra final
O Gol G4 é um carro para quem busca um automóvel confiável e que terá baixo custo de manutenção e não precisa de muito espaço para bagagem. No entanto, é preciso saber que ele não oferece refinamento nenhum. Seu acabamento é pobre, a oferta de equipamentos é muito enxuta e não existem itens de segurança avançados como freios ABS e airbags.